2 dic 2010

História da Arte


Não sei se é porque é a primeira vez que estudo isso em uma instituição, se é porque apesar de ser a primeira vez o nível é alto (afinal, são aulas de um doutorado...), se é porque, ao ser o nível alto, eu tenho que me esforçar muito, ou ainda pelo fato de os professores serem três dos maiores especialistas no tema. Não sei. Só sei que, mesmo sendo intensivo e curto, ou talvez exatamente por isso, sinto agora uma proximidade diferente com as obras de arte. Sinto também que tenho que expandir infinitamente mais os conhecimentos "anunciados", mas aprendi, mais ou menos, por onde ir. Posso dizer também, que o estudo da história da arte é bem diferente do que eu imaginei que fosse (e é maravilhoso continuar se surpreendendo no mundo do aprendizado). É, como tudo na verdade, muito mais pergunta do que resposta, muito mais hipótese do que conclusão. E tem muita mentira no lance. Um dos melhores professores dizia sempre "os historiadores da arte mentem! Mentem mesmo, tomem cuidado!". O que ele queria dizer é que as grandes questões da "história oficial", da "história privada", da "história oculta", também passam por aqui.

E foi delicioso quando outro deles, catedrático de História da Arte, arqueólogo e historiador da História "normal" (como diz ele, ironicamente) nos confessou, sem nenhum reparo, que leva 6 anos com um projeto fracassado. Disse: "Sim, meu projeto é fracassado, porque eu não tenho as fontes para afirmar o que achei que ia conseguir com a minha hipótese. Mas isso não é um problema, é ótimo! O fracasso me leva a outras hipóteses. É normal. Na nossa vida estamos cheios de projetos fracassados. E assumir o fracasso é outro tipo de sucesso." Um sábio.

Hoje sinto e olho diferente para uma escultura renascentista, uma ilustração medieval ou um quadro do Dalí ou do El Bosco. Também assumo que é limitadíssima minha percepção. Menos que antes, mas ainda limitada, como não. Porém, agora mais consciente do tanto que falta. E esse é o maior ganho que temos com o conhecimento adquirido: reconhecer a dimensão do que ainda falta por aprender.

Quem vive afirmando "eu já sei tudo sobre isso", geralmente não sabe é nada de coisa nenhuma.

Imagem: "Ecce Homo" Alonso Begurrete (Museo Nacional de Escultura - Valladolid)