29 may 2007

Notícias 2

Provenientes da Costa do Marfim, 26 africanos esperam neste momento uma permissão do governo espanhol para sair do mar. A patera na qual viajavam naufragou no Mediterrâneo, entre Malta e Líbia, e nem um nem outro país permitiram que as pessoas desembarcassem em seus portos. Malta é o porto mais próximo da União Europeia e a Líbia é o país responsável pelo salvamento e pelo resgate naquelas águas. "São obvios imigrantes ilegais, sem papéis", é o motivo.

A situação é surreal.

Os africanos levavam já 3 dias no mar, correndo o risco de afogamento. No primeiro dia comeram maçãs, e depois nada mais. No sábado passado pela manhã marinheiros espanhois os resgataram, mas há três dias esperam o aviso do governo, pois sem ele não podem trazê-los à terra. Os marinheiros usaram uma rede gigantesca, empregada nas grandes pescas de atum (pois nos barcos não havia lugar para todos). Esperam no meio da água, estes indesejados também por outros países europeus, seu platônico destino.

É tudo muito triste. Na sexta-feira os náufragos tentaram que os marinheiros os levassem, mas estes, que estavam trabalhando e não tinham espaço suficiente para tantas pessoas, a princípio negaram, mas pensaram que de desssem ajuda os africanos poderiam continuar a viagem em seu próprio barco, ofereceram então maçãs, água e gasolina. Mas os imigrantes continuaram por perto. Na manhã do dia seguinte os marinheiros descubriram que a patera já havia afundado, e que os africanos não tinha dito nada talvez por um misto de motivos, medo, vergonha, pavor. Foi então quando decidiram resgatá-los.

Este tipo de situação não é nova, no mês passado outro caso similar ocorreu e os italianos prestaram ajuda a outros náufragos africanos, também da Costa do Marfim. Mas o auxílio continuará sendo somente deste tipo? O ministro do interior maltês diz que "faz muito mais do que deveria". Será mesmo? A responsabilidade não é deles? Discordo. Todos somos reponsáveis, sem exceção. Se nosso sistema de mundo, de economia, de coisas, chegou a este ponto, tudo está MUITO ERRADO.

Não se pensará seriamente sobre isso?